Certa manha, no entanto, acordo forte,
Os cabelos crescidos, não mais cego,
Arrebento os portões e sob a forma
De incontável manada precipito-me,
Liberto, rumo aos rios. Lá, de novo
Autociente e só, sento-me ao pé
das águas que, salobras, vão chorando
Quantos que ali, sentados, aumentaram
Com lágrimas seu curso.
A Reconstrução, em O Homem e sua hora e outros poemas, Mário Faustino.
Eu estava pensando sobre o Reveillon e me veio à cabeça uma palavrinha especial: propósito. Como de costume, recorri ao dicionário on line Michaelis para verificar a sua grandeza e poesia. Vi que propósito é em primeiro lugar a "intenção de fazer ou deixar de fazer alguma coisa;"... Ou seja, parte de uma escolha prévia por mais impensada que seja. Ao termos algum propósito, colocamo-nos inerentemente em transformação. Logo senti que essa palavra tem muito a ver com tudo o que estou sentindo e desejando.
Nessa busca, averiguei também um aspecto moral em seu sentido, significando "bom senso, juízo, prudência, tino.", trocando em miúdos: tenência, menino! Nesse ponto vejo que ter propósito passa para um segundo nível de dificuldade pois implica um modo determinado de agir, que serve de orientação.
Ao longo de 2013 eu procurei me desorientar, acho que tudo começou com a criação desse novo blog - ainda em 2012. Lá eu senti a necessidade de chacoalhar mesmo, como numa máquina de lavar, de me sentir pó e ao mesmo tempo de permanecer poroso para o mundo, para esse interno-externo.
Fico pensando em como o blog me influencia e me transforma:
Meu Irritante Eu
Meu eu.
Meu!
/m/
E aos pouquinhos vou depositando palavras e empoeirando pixel por pixel dispersos nesse cyber-opaco. À propósito, "a que intento, com que fim" me debruçar sobre tudo isso? Ah, sim!, quero dizer do ano que está para começar, mas também dos que já se foram e renovar aqui a minha fé na arte, na vida e em Deus. Reafirmar a aliança.
Pode parecer fora de propósito, mas para mim é importante reafirmar esse espaço como desafiador e experimental. Eu me descubro em descabides trajes e tantas outros ocasos. Que em 2014 eu possa explorar ainda mais a capacidade de inventar e tornar-me um artesão da palavra, sempre em devir... E que possamos afirmar: sim, foi de propósito e por todo o amor e delicadeza do mundo.
ps.: Há certos propósitos que não ouso contrariar.
Os cabelos crescidos, não mais cego,
Arrebento os portões e sob a forma
De incontável manada precipito-me,
Liberto, rumo aos rios. Lá, de novo
Autociente e só, sento-me ao pé
das águas que, salobras, vão chorando
Quantos que ali, sentados, aumentaram
Com lágrimas seu curso.
A Reconstrução, em O Homem e sua hora e outros poemas, Mário Faustino.
Eu estava pensando sobre o Reveillon e me veio à cabeça uma palavrinha especial: propósito. Como de costume, recorri ao dicionário on line Michaelis para verificar a sua grandeza e poesia. Vi que propósito é em primeiro lugar a "intenção de fazer ou deixar de fazer alguma coisa;"... Ou seja, parte de uma escolha prévia por mais impensada que seja. Ao termos algum propósito, colocamo-nos inerentemente em transformação. Logo senti que essa palavra tem muito a ver com tudo o que estou sentindo e desejando.
Nessa busca, averiguei também um aspecto moral em seu sentido, significando "bom senso, juízo, prudência, tino.", trocando em miúdos: tenência, menino! Nesse ponto vejo que ter propósito passa para um segundo nível de dificuldade pois implica um modo determinado de agir, que serve de orientação.
Ao longo de 2013 eu procurei me desorientar, acho que tudo começou com a criação desse novo blog - ainda em 2012. Lá eu senti a necessidade de chacoalhar mesmo, como numa máquina de lavar, de me sentir pó e ao mesmo tempo de permanecer poroso para o mundo, para esse interno-externo.
Fico pensando em como o blog me influencia e me transforma:
Meu Irritante Eu
Meu eu.
Meu!
/m/
E aos pouquinhos vou depositando palavras e empoeirando pixel por pixel dispersos nesse cyber-opaco. À propósito, "a que intento, com que fim" me debruçar sobre tudo isso? Ah, sim!, quero dizer do ano que está para começar, mas também dos que já se foram e renovar aqui a minha fé na arte, na vida e em Deus. Reafirmar a aliança.
Pode parecer fora de propósito, mas para mim é importante reafirmar esse espaço como desafiador e experimental. Eu me descubro em descabides trajes e tantas outros ocasos. Que em 2014 eu possa explorar ainda mais a capacidade de inventar e tornar-me um artesão da palavra, sempre em devir... E que possamos afirmar: sim, foi de propósito e por todo o amor e delicadeza do mundo.
ps.: Há certos propósitos que não ouso contrariar.
Feliz Ano Novo!
E V O É
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