Esse poema talvez seja sobre fronteiras
e sobre as distâncias entre as margens de um rio;
Noites a fio do lado de cá - cegueira
Do lado de cá
Do lado de cá Caia
Tropeço
Dias a fio do lado de lá - parcimônia.
Do lado de lá
Do lado de lá Sambava
Tremia
Nem sempre enxuto, tão pouco enxaguado...
tempos e tempos remando assustado
Crendo achar ali nas águas rota segura
pobre jangada abandonada a própria
má sorte
má fé
Até que um dia do outro lado não mais existia
havia apenas um rio
que não se cabia em margens
Até que um dia do outro lado não mais existia
havia apenas um rio
que não se cabia em margens
transbordadas
Esse poema talvez nem seja mais um poema
uma tentativa de falar do transcurso das coisas
- que como eu -
deságuam pelas correntezas
deságuam pelas correntezas
e quedas d'águas.
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