Hoje eu parei para ouvir o desejo corpo. cansaço. casaco. oráculo.
cama quentinha
junho juntinho
um cobertor uma orelha um pó de café.
Hoje eu fervi a água com todos os meus medos. forte. amargo.
Defuntos saíram pela porta da cozinha
levantados e distraídos.
E por mais difícil que fosse, eu os deixei ir como num ato de coragem. espanto.
Naquela altura, ao coador, o vapor exumava muitas coisas, é verdade,
mas também em sua borra
lembrança dos grãos
eu delirei novos brotos. pés.
que iam germinando em meus cômodos vazios.
Hoje o bule buliu pelando enquanto minha casa entornava em brotos. seiva bruta.
Alimentavam minha esperança
meu apego aos santos. fé barroca.
É que nesses tempos frios, acredite,
acostumei-me aos pés. cafés. e também a Santo Antônio.
Hoje servi a xícara até derramar. costume.
minha casa era então um grande cafezal e não reconhecendo o altar
eu me devotava em cada pé de café. cada jazigo.
de onde, distraídos, os defuntos levantaram logo cedo.
Hoje fazia frio e já era noite. Não esclarecendo a borra, destino corado. final.
acendi um cigarro para estender a brasa
e apaguei a luz.
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